O novo presidente da construtora Delta, Carlos Alberto Verdini, entregou nesta quarta-feira uma caixa de documentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados.
A Delta está sob investigação da Polícia Federal por supostos envolvimentos com o contraventor e pode ser um dos focos de apurações da CPI. Verdini substituiu nesta quarta-feira o ex-presidente da companhia, Fernando Cavendish, que renunciou ao cargo após ter seu nome relacionado com Cachoeira. As informações são da Agência Câmara.
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Em comunicado divulgado pelo presidente da Delta, a empresa informa que foi determinada "uma ampla auditoria para averiguar as práticas da diretoria no Centro-Oeste". O ex-diretor da Delta na região, Cláudio Abreu, foi afastado do cargo após divulgação de escutas telefônicas da PF em que ele aparece em negociações com o esquema de Cachoeira. Segundo o Ministério Público do Distrito Federal, Abreu foi preso nesta quarta-feira.
De acordo com o presidente da Delta, a auditoria na empresa tem como objetivo "verificar em que extensão essas ações foram executadas burlando os procedimentos de controle praticados na companhia". O comunicado da empresa afirma ainda que as conclusões da auditoria serão "colocadas à disposição das autoridades competentes, sem quaisquer ressalvas", tão logo seja terminado o procedimento investigatório.
A secretaria da CPI informou que já comunicou ao presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), a entrega dos documentos pela Delta. A CPI, que foi instalada oficialmente nesta quarta-feira, já recebeu um total de 162 requerimentos para ouvir testemunhas e conseguir documentos de investigações oficiais.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
Fonte:http://www.jb.com.br/
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