SÃO
PAULO - Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção
passiva, peculato e lavagem de dinheiro, o deputado federal João Paulo
Cunha (PT) desistiu na quinta-feira da candidatura a prefeito de Osasco.
A decisão foi anunciada em reunião à noite com os militantes e membros
do diretório municipal, que serviu também como ato de desagravo ao
deputado petista. Em nota divulgada na manhã desta sexta-feira, o
partido comunicou oficialmente a saída do deputado. Na nota, o PT
confirma que o vice na chapa, Jorge Lapas, é o substituto de João Paulo e
que o vereador Valmir Prascidelli será o candidato a vice.
Segundo
a nota, a decisão foi unânime e contou com a participação da família do
deputado. O partido informa ainda que João Paulo vai continuar a ajudar
no projeto do PT para desenvolvimento de Osasco.
“Depois de longa
reflexão pessoal, em coerência com os princípios que pautam sua vida
pública e em atinência aos seus compromissos com a cidade, João Paulo
decidiu retirar seu nome e assim continuar contribuindo com o
desenvolvimento de Osasco, objetivo inarredável do projeto e da
administração levados a efeito pelo Partido dos Trabalhadores nos
últimos anos”, diz a nota.
O clima que cercou o encontro onde foi
decidida a saída de João Paulo na quinta-feira foi de muita tensão.
Agredindo repórteres e fotógrafos, militantes petistas blindaram a saída
do carro de João Paulo Cunha, que deixou o ginásio sem falar com a
imprensa. Os petistas ainda enfrentaram um protesto na saída do evento.
Dez pessoas gritavam “ladrão, ladrão”. Os petistas retrucavam com
palavras de ordem como “Partido, partido, é dos trabalhadores” e
gritavam o nome de João Paulo Cunha.
Abatido, o deputado chorou ao
discursar para os militantes. O prefeito Emídio de Souza disse que era
hora de “enxugar as lágrimas” e “redobrar as energias” para fazer a
campanha do novo candidato, Jorge Lapas. João Paulo se reuniu com
militantes depois de horas de reunião privada com o prefeito e outros
líderes estaduais e municipais do PT. Os petistas se preocupam em
preservar João Paulo, um líder que mantém grande influência no partido
no estado, mas não querem deixar que a condenação respingue nas outras
candidaturas do país. Até porque João Paulo havia sido aconselhado por
cardeais do partido a não se candidatar por causa do julgamento. Ele é o
único réu do mensalão que disputa as eleições este ano.
Desde que
foi condenado pelos ministros do STF, o deputado conversou por telefone
com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o presidente
nacional do PT, o deputado Rui Falcão. A decisão de renunciar já estava
tomada, mas os petistas discutiam a melhor forma de anunciar.
Questionado
sobre o impacto da condenação na campanha, João Gois, presidente do
diretório municipal do PT em Osasco, disse que esta é uma “batalha” que o
PT está enfrentando.
— A gente veio de grandes batalhas. Esta é uma batalha pela qual estamos passando. Temos que caminhar.
Fonte: http://oglobo.globo.com
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