Dirigente quer desviar o foco de sua imagem, mas não deixará de mandar no futebol brasileiro
Jornal do Brasil
O pedido de licença médica de Ricardo Teixeira da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), protocolado nesta quinta-feira (8), não é inédito. No ano 2000, o afastamento a pedido do próprio presidente da entidade baixou a poeira durante a CPI que investigou supostas irregularidades na relação entre a CBF e sua fornecedora de material esportivo, a Nike, no início dos anos 2000. Curiosamente, a comissão parlamentar era presidida pelo então deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB–SP), hoje ministro do Esporte. Depois do esvaziamento da investigação, Teixeira reassumiu o cargo, e as denúncias foram esquecidas com o pentacampeonato mundial em 2002.
Hoje, depois de novo pedido de licença médica, a situação parece estar mais complicada para Teixeira, e um novo retorno triunfal é visto como praticamente impossível. Parte da imprensa esportiva, que por anos evitou questionar as ações de Teixeira, rebelou-se após o dirigente dizer que "caga um montão" para os veículos de comunicação. Além disso, o antigo parceiro do então todo-poderoso da CBF, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, não fala mais com o cartola brasileiro. Assim como Dilma Rousseff, que, ao contrário de seu antecessor, Lula, não tem lá grandes apreços pelo dirigente.
Os problemas de Teixeira vão além da política. Dentro das quatro linhas, o momento atual de nossa Seleção, que chegou ao 7º lugar no ranking da Fifa, pior colocação da história, aumenta a pressão sobre a CBF. O time dirigido por Mano Menezes vai mal das pernas. Na Copa América de 2011, foi eliminado ainda nas quartas de final. Para piorar, e fazer crescer o medo de uma reedição de 1950, nas três vezes em que enfrentou times campeões mundiais , o escrete canarinho foi derrotado em todas. Nossos jogadores, vistos como os melhores do mundo, não são consagrados com a Bola de Ouro da FIFA desde 2007.
Sem apoio político, e com a Seleção Brasileira caindo pelas tabelas, o pedido de licença médica parece ser o mesmo movimento de 2000, e com a mesma peça, mas, desta vez, a jogada é outra. Uma provável perda do título da Copa do Mundo em pleno território brasileiro seria o fim de qualquer proteção que Teixeira poderia ter, principalmente em relação as denúncias das quais ainda é alvo. Uma saída estratégica do centro das atenções antes da iminente tragédia seria, portanto, uma boa opção para o cartola.
no entano, mesmo afastado, Teixeira pode continuar com sua influência no comando do futebol brasileiro, mas sem dar a cara a bater. Para isso, pode jogar com o regulamento debaixo do braço. De acordo com o estatuto da CBF, caso seu afastamento supere os 60 dias, o vice-presidente mais velho da entidade assume o cargo. Nesta certeza pode residir a tranquilidade do cartola. Seu substituto seria, portanto, José Maria Marín, ex-governador de São Paulo e antigo parceiro de Teixeira.
Talvez este tenha sido o jeito encontrado por Teixeira para continuar a comandar o futebol brasileiro, e, ao mesmo tempo, afastar-se da mídia, das polícias, dos tribunais e das alfândegas.
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