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sexta-feira, 9 de março de 2012

CBF: licença de Teixeira pode ser prevenção contra possível fiasco em 2014

Dirigente quer desviar o foco de sua imagem, mas não deixará de mandar no futebol brasileiro

Jornal do Brasil

O pedido de licença médica de Ricardo Teixeira da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), protocolado nesta quinta-feira (8), não é inédito. No ano 2000, o afastamento a pedido do próprio presidente da entidade baixou a poeira durante a CPI que investigou supostas irregularidades na relação entre a CBF e sua fornecedora de material esportivo, a Nike, no início dos anos 2000. Curiosamente, a comissão parlamentar era presidida pelo então deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB–SP), hoje ministro do Esporte. Depois do esvaziamento da investigação, Teixeira reassumiu o cargo, e as denúncias foram esquecidas com o pentacampeonato mundial em 2002.

Hoje, depois de novo pedido de licença médica, a situação parece estar mais complicada para Teixeira, e um novo retorno triunfal é visto como praticamente impossível. Parte da imprensa esportiva, que por anos evitou questionar as ações de Teixeira, rebelou-se após o dirigente dizer que "caga um montão" para os veículos de comunicação. Além disso, o antigo parceiro do então todo-poderoso da CBF, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, não fala mais com o cartola brasileiro. Assim como Dilma Rousseff, que, ao contrário de seu antecessor, Lula, não tem lá grandes apreços pelo dirigente.

Ricardo Teixeira alegou problemas médicos e licenciou-se do posto de presidente da CBF

Os problemas de Teixeira vão além da política. Dentro das quatro linhas, o momento atual de nossa Seleção, que chegou ao 7º lugar no ranking da Fifa, pior colocação da história, aumenta a pressão sobre a CBF. O time dirigido por Mano Menezes vai mal das pernas. Na Copa América de 2011, foi eliminado ainda nas quartas de final. Para piorar, e fazer crescer o medo de uma reedição de 1950, nas três vezes em que enfrentou times campeões mundiais , o escrete canarinho foi derrotado em todas. Nossos jogadores, vistos como os melhores do mundo, não são consagrados com a Bola de Ouro da FIFA desde 2007.

Sem apoio político, e com a Seleção Brasileira caindo pelas tabelas, o pedido de licença médica parece ser o mesmo movimento de 2000, e com a mesma peça, mas, desta vez, a jogada é outra. Uma provável perda do título da Copa do Mundo em pleno território brasileiro seria o fim de qualquer proteção que Teixeira poderia ter, principalmente em relação as denúncias das quais ainda é alvo. Uma saída estratégica do centro das atenções antes da iminente tragédia seria, portanto, uma boa opção para o cartola.

no entano, mesmo afastado, Teixeira pode continuar com sua influência no comando do futebol brasileiro, mas sem dar a cara a bater. Para isso, pode jogar com o regulamento debaixo do braço. De acordo com o estatuto da CBF, caso seu afastamento supere os 60 dias, o vice-presidente mais velho da entidade assume o cargo. Nesta certeza pode residir a tranquilidade do cartola. Seu substituto seria, portanto, José Maria Marín, ex-governador de São Paulo e antigo parceiro de Teixeira.

Talvez este tenha sido o jeito encontrado por Teixeira para continuar a comandar o futebol brasileiro, e, ao mesmo tempo, afastar-se da mídia, das polícias, dos tribunais e das alfândegas.

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