O tenente-coronel Wellington Urzêda, comandante de Missões Especiais (CME) da Polícia Militar (PM) de Goiás, colocou o cargo à disposição, na tarde desta sexta-feira (13). De acordo com a assessoria de comunicação da PM, o pedido será apreciado na próxima segunda-feira (16). "Até lá, ele continua no comando", disse ao G1, por telefone, o coronel Anésio Barbosa da Cruz Jr, chefe da comunicação social da PMGO.
A assessoria não explicou o motivo do pedido, mas a saída ocorre em meio a suspeitas da atuação de um grupo de extermínio formado por policiais militares na capital. Uma carta anônima enviada às polícias Civil e Militar de Goiás, à Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Goiás, ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) e à imprensa diz que um policial do CME é o responsável pela morte do cronista esportivo Valério Luiz, assassinado com sete tiros na porta da rádio onde trabalhava, no Setor Serrinha, em Goiânia.
Treze policiais são citados na carta. Além do caso Valério, o autor das denúncias lista outras mortes que teriam sido cometidas por militares, entre elas a do advogado Davi Sebba, morto com um tiro no peito por PMs à paisana no estacionamento de um hiperpermercado na região sudoeste da capital.
As duas mortes aconteceram na quinta-feira (5) da semana passada. As investigações estão paralisadas por causa da greve da Polícia Civil, iniciada na quarta-feira (11).
Em nota, a PM informa que a corregedoria irá instaurar um inquérito para elucidar os fatos. Diz ainda que a corporação "promove a apuração de todas as denúncias encaminhadas ao seu conhecimento, mesmo as apócrifas, com o cuidado e a responsabilidade de não fazer juízo de valor precipitado sobre acusações anônimas em virtude dos direitos e garantias constitucionais dos envolvidos".
Uma segunda nota da PM diz que o pedido de Urzêda foi entregue na quinta-feira (12). O G1 tentou contato com o comandante, mas ele não atendeu as ligações.
No início desta semana, o tenente-coronel Urzêda foi afastado da força-tarefa convocada para investigar o caso da morte do radialista Valério Luiz, 49 anos. A recomendação do secretário de Segurança Pública, João Furtado Neto, ocorreu após um pedidoda esposa de Valério, Lorena Nascimento. O comandante é ex-diretor de relações públicas do Atlético Clube Goianiense. O time era alvo de constantes de duras críticas do radialista.
O secretário João Furtado Neto confirmou, por meio de nota, ter recebido uma cópia do e-mail apócrifo com denúncias contra policiais. "Apesar de ser uma correspondência anônima, determinou aos órgãos competentes que apurem com rigor, transparência e isenção todas as denúncias", diz o texto. Segundo a assessoria de inprensa da secretaria, nenhum dos citados será afastado das funções.
Essa é a segunda vez em dois anos que policiais militares são envolvidos em denúncias de formação de grupo de extermínio em Goiás. Em fevereiro de 2011, a Polícia Federal deflagrou a Operação Sexto Mandamento e prendeu 19 policiais militares goianos suspeitos de matar cerca de 30 pessoas Goiânia, Rio Verde e em municípios do Entorno do Distrito Federal.
Onze deles ficaram presos em um presídio de segurança máxima no Mato Grosso do Sul. Mas todos eles acabaram liberados, ao longo de 2011, por falta de provas.
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