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domingo, 1 de agosto de 2010

Rio é campeão de candidatos da PM e dos bombeiros

Integrantes das corporações articulam a criação de um partido nacional para lutar por melhorias na área de segurança no País

POR JOÃO NOÉ

Rio - Policiais militares, civis e bombeiros articulam uma verdadeira operação de guerra para o dia 3 de outubro. Diluídos em diversas legendas, mais de 100 integrantes dessas corporações planejam ofensiva para cumprir apenas uma missão: conquistar o voto dos eleitores do Rio. A força dessa tropa é tanta que, para daqui a quatro anos, já se discute até a criação de um chamado Partido Nacional da Segurança Pública (PNSP), cuja base eleitoral é estimada em cerca de 1 milhão de pessoas no País.
O QG do grupo, aliás, tem tudo para ficar no Rio de Janeiro. Em todo o Brasil, o estado é o que tem o maior número de PMs candidatos nas eleições deste ano. Ao todo, são pelo menos 60, segundo estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os bombeiros fluminenses também lideram a lista nacional, com 23 elegíveis. Com 14 agentes e delegados, a Polícia Civil do Rio só não terá mais candidatos do que a mineira, com 15.
GRUPO DOS BARBONOSO
rganizações de cunho político dentro da Polícia Militar não são novidade. O movimento dos coronéis Barbonos (uma referência ao antigo nome da Rua Evaristo da Veiga, onde fica o QG da corporação) deflagrou, em 2008, uma das primeiras manifestações públicas de reivindicações de melhorias nas condições dos PMs. Nesse grupo, estava o coronel Paulo Ricardo Paúl, que hoje é candidato a deputado federal pelo DEM.
“O ‘PNSP’ seria um partido aberto à participação de toda a população. A segurança hoje é a questão que mais preocupa os brasileiros. A criação de um partido voltado para o tema, entretanto, ainda é bastante incipiente”, explica Paúl.
Um dos principais desafios dessa legenda seria acabar com a imagem negativa de policiais e bombeiros junto aos eleitores. No Rio, por exemplo, há casos como o do ex-chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, que era deputado pelo PMDB e foi cassado depois de ser denunciado por suspeita de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis. Também pode perder o cargo o vereador Cristiano Girão (PMN), ex-bombeiro suspeito de atuar em milícia.
Um consenso entre os integrantes do grupo é a reivindicação por melhorias salariais. Nesta semana, inclusive, todos os eventuais quadros do ‘PNSP’ vão mirar a votação em segundo turno na Câmara Federal da chamada PEC 300, que cria um piso nacional para os salários dos policiais civis, militares e bombeiros.
“Essa é uma das principais bandeiras desse grupo. Reuniríamos integrantes das polícias, além dos bombeiros e das guardas municipais. O objetivo seria que, em 2016, já existisse um partido reunindo essas classes”, planeja o tenente bombeiro Lauro Botto, candidato a deputado estadual pelo PV.
Delegado quer reforma política
O ex-chefe da Polícia Civil, delegado Zaqueu Teixeira (PT), candidato a uma vaga na Alerj, não acha que a criação do ‘PNSP’ seja uma boa ideia. O policial tem, entre suas propostas, a criação de uma corregedoria interna na Polícia Civil independente, cujos integrantes trabalhariam apenas nessa unidade, sem passar por outras delegacias.
"Não é preciso criar um novo partido para reivindicar a luta por essas pautas. Atualmente, já existem partidos demais. O ideal é que seja aprovada uma reforma política”, afirma o candidato.
Para a professora Jaqueline Muniz, da Universidade Cândido Mendes (UCAM) e da Universidade Católica de Brasília (UCB/DF), a grande quantidade de candidatos da polícia no Rio já é quase histórica. “A polícia é a expressão concreta do poder do estado nas ruas. Além disso, há no Rio uma superpolitização do tema segurança pública. Outro aspecto é que essas corporações possuem uma base de apoio sólida, com policiais da ativa e aposentados, além de seus familiares”, explica.
Candidatura pode ser oportunista’
O presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Rio (Aspra-PM/BM-RJ), Vanderlei Ribeiro, vê com ressalvas a candidatura de policiais militares a cargos no Legislativo. “Há muitos policiais que ingressam na carreira política só para obter uma licença remunerada de 90 dias. As candidaturas dos policiais devem passar, antes, por um debate entre os integrantes da instituição”, afirma Ribeiro, que não acredita que a criação de um ‘PNSP’ seja positiva.

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