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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ex-deputado sanguessuga confessa crime e cobra punições

Renata Camargo

Um relato muito emocionado do ex-deputado federal Cabo Júlio (PMDB-MG), condenado em primeira instância por envolvimento com os chamados sanguessugas da máfia das ambulâncias, chamou a atenção nesta semana. Na última quarta-feira (7), enquanto parlamentares no Congresso faziam manobras regimentais para adiar a votação do projeto ficha limpa, o ex-deputado postava uma mensagem de desabafo em seu blog pessoal, assumindo-se culpado e questionando por que, dos 84 acusados sanguessugas, apenas ele foi condenado.
“A máfia das ambulâncias foi um dos piores momentos da minha vida política. (...) Eu errei, eu permiti que a corrupção e o erro invadisse (sic) minha alma. Paguei e continuarei pagando um preço muito caro pelo meu erro imperdoável. Mesmo tendo 84 deputados investigados, fui o único a ser condenado em primeira instância. Apesar de recorrer, será que eu sou pior do que todos os outros 83? Eu colhi o que plantei”, declarou no blog.
A máfia das ambulâncias foi um esquema de corrupção de venda superfaturada de ambulâncias, com recursos do Ministério da Saúde, para prefeituras e ONGs do país inteiro. Para viabilizar a fraude, os responsáveis pelo esquema contavam com a ajuda de emendas de parlamentares amigos que, em troca, pagaram R$ 9,46 milhões em propinas a deputados e assessores.
Em setembro de 2009, o Congresso em Foco publicou uma matéria mostrando que, dois anos depois de serem denunciados à Justiça, os principais acusados de participação na máfia continuavam em liberdade. A reportagem mostrava como seguia a vida do empresário Luiz Antônio Vedoin, responsável pelo esquema, e dos ex-deputados Lino Rossi (PP-MT) e Nilton Capixaba (PTB-RO). A punição pelos crimes veio somente das urnas (leia aqui).No blog, Cabo Júlio – hoje vereador de Belo Horizonte e líder do partido na Assembleia Legislativa – conta a angústia que tem passado por conta de problemas graves de saúde. O ex-deputado afirma que prometeu a Deus que, se não morresse "no meio daquelas dores terríveis, iria tentar ser melhor (ou menos pior)”. “Quando a gente passa por momentos como este, vê que a vida vale tão pouco. Nos fazem refletir sobre tanta coisa, sobre tantos erros e acertos”, afirma.Em seus relatos, Cabo Júlio pede perdão à família, a Deus, aos amigos e também aos companheiros de trabalho pelos erros cometidos. O vereador mineiro termina sua carta de desabafo, pedindo que seus assessores de gabinete não impeçam que o documento seja publicado na íntegra, porque essa é sua vontade.“Sabe gente, a vida vale tão pouco quando a gente sente que a está perdendo. Como seria bom se pudéssemos voltar no tempo e fazer as coisas tão diferentes, tão certas. Eu to (sic) com medo. Deus sabe que estou falando a verdade. (...) Prefiro que Deus me leve, a sentir tamanha dor”, diz.

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