O governo do Estado não dará o reajuste salarial de 45% pretendido pelos delegados de polícia, que alegam estar sofrendo enormes prejuízos financeiros e ameaçam começar nesta segunda-feira uma “operação tartaruga”. No máximo, eles receberão 12%, segundo uma fonte governamental que prefere não se identificar. Caso contemplasse os delegados com aquilo que eles pretendem, diz a fonte, o governo seria bombardeado com pedidos de reajuste de outras categorias da Polícia Civil, como investigadores, escrivães e papiloscopistas, que também alegam defasagem salarial.O DIÁRIO tentou ontem por diversas vezes falar com o secretário de Planejamento, Orçamento e Finanças, José Júlio Ferreira Lima, encarregado de apresentar uma proposta aos delegados. Ele não foi encontrado por seus assessores e seu celular permaneceu fora da área de serviço. O gabinete da governadora Ana Júlia também não informou qual a posição do governo diante da ameaça dos delegados.A fonte, porém, adiantou que os delegados já procuraram um entendimento com a área financeira do governo, negando que estejam dispostos a fazer corpo mole em serviço ou até articulando uma greve. Para a fonte, o momento político enseja manifestações por melhores salários, mas ela observa que a governadora Ana Júlia Carepa tem concedido reajustes a diversas categorias de servidores, num patamar acima da inflação ou de eventual defasagem.Não é o que dizem os delegados, que reclamam o cumprimento de reposição obtida por medida judicial. O salário deles, de acordo com o presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do Pará (Sindelp), Adonai Mota, é o segundo pior do país, perdendo apenas para a Paraíba. Eles também exigem equiparação ao salário recebido por policiais federais. Enquanto um delegado em início de carreira ganha em Alagoas R$ 12.369,74, no Pará, o mesmo profissional, com as mesmas prerrogativas, ganha apenas R$ 5.219,55, diz Mota.RISCONo ano passado, os delegados subscreveram apoio ao projeto do deputado Marcelo Ortiz (PV) que estabelece a equiparação entre policiais civis e federais. De acordo com os delegados, pesquisas demonstram que os índices de criminalidade aumentaram, de maneira alarmante, em nossa sociedade. “A imprensa divulga diariamente o fortalecimento e crescimento do crime organizado no Brasil. O crime organizado é um poder paralelo que ocupa a lacuna deixada pelo Estado, principalmente, no que se refere às políticas públicas nas áreas da educação, geração de emprego e diminuição das diferenças sociais”, salientam.Outro fator que concorre decisivamente para o crescimento das organizações criminosas é a falta de investimento nos órgãos de segurança pública, omissão revelada, principalmente, através dos baixos salários pagos aos integrantes das carreiras chamadas operacionais da Polícia Civil, responsáveis pela repressão dos delitos dessa natureza. No momento, os policiais civis se dizem “totalmente desmotivados”, porque recebem uma péssima remuneração.Os policiais civis operacionais, com o salário defasado que recebem, não conseguem proporcionar um padrão de vida digno aos seus familiares. A falta de reconhecimento e valorização prejudica a autoestima do policial civil. “A remuneração paga aos operacionais é incompatível com o perigo da atividade exercida por estes valorosos profissionais”, resume o Sindelp.
Fonte: Diário do Pará
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