Por Lays Millena
A falta de segurança é algo que preocupa a todos. Basta anoitecer e muitos já se trancam, confinados em suas próprias casas, pois o medo e o perigo das ruas os impedem de sair. Os crimes bárbaros e assaltos constantes não são privilégio das grandes cidades. Sergipe, mesmo não sendo um estado muito grande, tem sofrido com a violência presente em todos os municípios.
Na manhã dessa quinta-feira (12), o deputado estadual Capitão Samuel (PSL) falou sobre a Segurança Pública do estado em entrevista aos jornalistas André Barros e Rosalvo Nogueira, durante o Jornal da Manhã, exibido na Jovem Pan. Logo no início da entrevista, o parlamentar foi questionado sobre a segurança do Pré-Caju, já que a festa vai acontecer na próxima semana e a imprensa divulgou notícias de que os policiais ameaçaram não fazer a segurança durante o evento. Segundo Samuel, após o acordo salarial, não existiram mais problemas. “Ano passado não tivemos preocupações com a segurança do Pré-Caju. Porém, no acordo feito em 2009, ficou acertado que seriam definidos o nível superior para a carreira, a carga horária e a nova legislação da corporação. Embora tudo isso seja tema de discussões ao longo dos anos, não vemos andamento. A questão agora não é a festa. Teremos uma assembleia dia 14 e vamos conversar e tomar decisões para a categoria. Uma coisa que percebo maior definição é o seguinte: os policiais não farão mais hora extra. Vão fazer a escala normal, definida pelo Comando, mas o extra, que é voluntário, não será feito”, explica.
De acordo com o parlamentar, a quantidade de policiais responsáveis pela segurança do estado não é suficiente. “Hoje temos um efetivo que gira em torno de 850 homens/dia para o estado inteiro. Esses homens, na maioria dos municípios, fazem papel de Polícia Militar e Civil e um delegado é responsável por três ou quatro municípios. É uma situação inaceitável para a sociedade e também para os que estão trabalhando”, ressalta. Capitão Samuel informou que existem 144 delegados concursados. Questionado sobre o porquê de um delegado assumir três municípios, visto que o total de profissionais é bem maior que o número de cidades de Sergipe (75), o deputado deixou a resposta com a delegada Katarina Feitoza, superintendente da Polícia Civil.
Muitas pessoas dizem que os policias folgam demais. No entanto, o parlamentar tem outra opinião. “Se olharmos a legislação trabalhista e a do Exército Brasileiro, veremos que o correto é a escala em um período de serviço e três períodos de folga. Nesse período, o profissional precisa descansar, mas isso não vem acontecendo. Em pelo menos um desses dias, o policial é obrigado a trabalhar. A polícia militar tem um problema de gestão terrível. No plano de férias desse ano está previsto que 20% do efetivo não vai poder tirar férias. Nem mesmo a licença prêmio dos policiais está sendo paga”, revela.
Em relação aos salários, Samuel afirma que os valores estão bons. “Embora os salários tenham melhorado, é preciso deixar claro uma coisa: os policiais civil e militar recebiam R$ 1000/mês. Com o aumento, o civil passou a ganhar R$ 6000 e o PM, com muita luta, R$ 3000. Essa desigualdade ainda existe. Ao dar o aumento, o Governo deveria ter pensado nas duas partes. O orçamento do estado para a Segurança Pública dobrou. As coisas não funcionam por falta de gerenciamento”, opina.
Antigamente, era muito comum ver pessoas sentadas à frente de suas casas, principalmente no interior, para “jogar conversa fora”. Questionado sobre a possibilidade de a população manter esse hábito hoje em dia, o deputado não responde com muito otimismo. “A moderna gestão da segurança pública tende a usar a tecnologia no auxílio ao homem. Temos um efetivo hoje correspondente ao dos anos 89/90. Hoje seria necessário dobrar a Polícia Civil para que ela realmente existisse na capital e no interior, além de aumentar o efetivo da PM. Com o número que temos na grande Aracaju, dá para fazer uma segurança razoável. O que não dá é manter 1000 policiais desviados de função, entre serviços administrativos, Palácio de Governo e tantos outros setores. Eu, por exemplo, moro em casa. Nós, moradores da rua, pagamos um rapaz para ficar apitando e observando o movimento. Não tem condições de ficar com a porta aberta”, afirma.
Em relação ao comando do policiamento, Samuel diz que a função é complicada. “Coronel Resende é uma pessoa muito boa, mas acho que ele seria um grande chefe da Casa Militar, da segurança da Assembleia Legislativa, tenho certeza disso. No entanto, não me acho no direito de interferir na questão de cargos”. Respondendo à pergunta de uma ouvinte sobre as perspectivas em relação à saúde e segurança nesse novo ano, o deputado não espera muita coisa. “Acho que será um ano de muito sofrimento para a população tanto na saúde como na segurança. Precisamos de 500 a 1000 homens nas Polícias Civil e Militar. Porém, é preciso fazer um concurso e utilizar os profissionais da forma correta”, finaliza.
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