Os cargos estratégicos ocupados pela bancada da segurança pública na Câmara Legislativa mostram a força das corporações no universo político do Distrito Federal. Dos 24 deputados distritais eleitos em outubro, seis são oriundos do Corpo de Bombeiros e das polícias Civil e Militar, o que representa 25% dos vitoriosos nas urnas. Não bastasse a boa colocação na disputa eleitoral, os policiais e o bombeiro que escolheram abrir mão do antigo trabalho dão fortes sinais de quererem estar cada vez mais próximos do poder. As duas principais cadeiras do comando da Casa foram definidas após intensas rodadas de negociações, com interferência direta do governo. Os escolhidos foram o PM Patrício (PT) e o delegado Dr. Michel (PSL), respectivamente, o presidente e o vice-presidente da Câmara Legislativa. Depois de assumir interinamente a Presidência da Câmara no auge das denúncias de corrupção reveladas pela Caixa de Pandora, Patrício ganhou forças entre os colegas parlamentares. À época, o parlamentar usava ainda a graduação da corporação (a de cabo) atrelada ao nome. Ele soube conduzir o processo de investigação que bombardeou a Casa sem despertar inimizades dos pandoristas, que, até hoje, mantêm um diálogo afinado com o petista. Ao propagar o estilo “acima das ligações partidárias”, Patrício amplia o horizonte de influência, mas enfrenta embates internos no PT. A conquista da presidência foi amadurecida aos poucos e, até o último minuto da eleição, surgiram especulações contrárias. Um acordo entre deputados e a cúpula do governo, selado no primeiro dia de 2011, garantiu o sucesso dele e de outros policiais. Já o ex-chefe da 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho) Dr. Michel começou a carreira política como o segundo mais poderoso na hierarquia da Câmara. A decisão foi tomada após oito horas de negociação, sob acompanhamento do vice-governador do DF, Tadeu Filippelli (PMDB), e o secretário de Governo, Paulo Tadeu, quando os eleitos tomaram posse do mandato parlamentar. O bloco partidário ao qual Dr. Michel faz parte, formado por PMDB, PTC, PSC e PSL, não abriu mão de um lugar no comando da Casa e ainda arrematou a Corregedoria — órgão responsável em investigar os colegas que cometem irregularidades — e a presidência da Comissão de Economia e Finanças (Ceof), atribuição dada ao pivô dos atos secretos do Senado, Agaciel Maia (PTC). Representações À frente da Corregedoria está o ex-presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF), Wellington Luiz (PSC). A experiência de 11 anos como líder sindical colaborou para arrebanhar os votos dos colegas de corporação. A habilidade em se relacionar com os pares será uma das armas dele na Câmara. O agente de polícia terá a função de pedir ou não o arquivamento de acusações contra os parlamentares. Em pouco mais de três meses de legislatura, Wellington poderá ter que relatar as representações apresentadas contra Benedito Domingos (PP), Celina Leão (PMN) e Chico Vigilante (PT). Apesar de ser mais conhecido pela atuação como Jesus Cristo na Via Sacra de Planaltina, Cláudio Abrantes (PPS) também é agente de polícia. Ele cobiçava o assento principal da Ceof ou da Vice-Presidência da Câmara, mas teve que se contentar com a vice-presidência da Comissão e a Comissão de Assuntos Fundiários (CAF). É o colega Joe Valle (PSB) quem representa o bloco na Terceira Secretaria da Câmara. Mesmo a contra gosto, Abrantes ficou com a proposta alternativa, cujas posições têm potencial de barganha em relação a outros novatos. Conta a favor dele a experiência adquirida na legislatura passada. O deputado chegou a assumir o mandato parlamentar por nove meses, período em que Alírio Neto (PPS) licenciou-se para ocupar a Secretaria de Justiça, na gestão de José Roberto Arruda (ex-DEM). Na eclosão dos vídeos da Caixa de Pandora, Alírio pediu para sair do Executivo. Investigados A migração entre os poderes repetiu-se no governo de Agnelo Queiroz (PT). Mais uma vez, a cadeira principal da pasta foi dada a Alírio, que é delegado aposentado. Eleito com 19.207 votos, o filiado do PPS saiu da esfera legislativa para facilitar a eleição do petista Patrício. A estratégia, no entanto, pode surtir efeito negativo. De investigador, Alírio passou a investigado. O ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa disse, em depoimento ao Ministério Público do DF, que Alírio era um dos beneficiários da mesada mensal paga aos aliados políticos no governo Arruda. Segundo o delator, ele teria recebido R$ 90 mil provenientes de dinheiro escoado dos contratos firmados com empresas prestadoras de serviço do GDF. A distribuição dos espaços no Legislativo contemplou mais integrantes do grupo da segurança pública. O bombeiro militar Aylton Gomes (PR), que exerce o segundo mandato, é o presidente da Comissão de Segurança e integrante da Comissão de Constituição e Justiça. Citado nas investigações da Caixa de Pandora como um dos favorecidos pelo pagamento de propina em troca de apoio à Arruda, ele prefere manter-se fora dos cargos visados, mas próximo aos colegas de corporação. Fonte:http://www.deputadomajoraraujo.org/
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