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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Copa no Brasil custa mais que o dobro da africana


Edson Sardinha

A Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, vai custar pelo menos o dobro do previsto pelos organizadores da competição deste ano, na África do Sul. Reportagem da Folha de S. Paulo mostra que a Copa vai custar R$ 7,96 bilhões aos sul-africanos em 2010, enquanto as estimativas brasileiras apontam para um gasto de R$ 17,52 bilhões. Uma diferença de R$ 9,5 bilhões, ou 120%.

Mas a conta deve ser ainda maior no Brasil, já que as obras na África do Sul estão em fase final para receber as partidas, que serão realizadas entre os meses de junho e julho. Os dois países não incluíram nesse orçamento os investimentos na melhoria de seus aeroportos. "Esse valor inclui infraestrutura, estádios, comunicação, segurança e desenvolvimento esportivo”, disse à Folha o porta-voz do Tesouro Nacional sul-africano, Thoraya Pandy. No caso brasileiro, estão incluídas despesas com estádios, transporte e obras próximas às praças esportivas. Estão fora do levantamento gastos com segurança, tecnologia e infraestrutura esportiva, como a construção de centros de treinamento.

Apenas com a construção e a reforma dos estádios, o Brasil deve gastar R$ 5,34 bilhões. Desse total, 94% serão financiados diretamente pelo poder público. Os 6% restantes virão dos cofres do São Paulo, do Atlético Paranaense e do Internacional, que receberão empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para reformarem suas arenas.

Os custos de estádios, únicos que tinham estimativa feita no projeto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), já mais do que dobraram em relação a 2007, informa o repórter Rodrigo Mattos.

O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., disse não acreditar nos números apresentados pelos sul-africanos. "Acho que esse valor é muito maior. Tenho convicção de que é maior que isso", afirmou à Folha.

A Copa no Brasil terá número maior de estádios (12 contra 10) e sedes (12 contra 9) em relação à África do Sul. Os dois países têm praticamente a mesma renda per capita, algo em torno de US$ 10 mil (R$ 18,7 mil), e receberão investimento público maciço para organizarem o Mundial. "Você já foi lá? Eles têm problemas de infraestrutura. O transporte público precisa de bem mais coisa que o nosso", afirmou Orlando Silva. O ministro disse que não queria fazer comparação entre os dois orçamentos por não confiar nos números apresentados pelos sul-africanos. "Não vou especular sobre números. Estou surpreso", declarou à Folha.

De acordo com a reportagem, após o início das obras e a inclusão de novas despesas, os gastos brasileiros devem ficar próximos aos totalizados pela Alemanha em 2006. Aplicando-se o atual câmbio e a inflação acumulada no país europeu nos últimos três anos, os alemães gastaram entre R$ 21,2 bilhões e R$ 26,5 bilhões com a organização do Mundial. A diferença, ressalta a reportagem, é que a conta alemã foi fechada após os jogos e reúne todas as despesas, inclusive as reformas dos aeroportos.

O valor estimado para as obras dos estádios brasileiros já se aproxima do gasto pelos alemães. Foram aplicados R$ 5,55 bilhões na construção ou reforma das arenas na Alemanha, R$ 200 milhões a menos do que o previsto até o momento no Brasil, acrescenta a reportagem da Folha. A renda per capita alemã é mais que o triplo da brasileira: US$ 34,2 mil (R$ 63,95 mil).


Fonte: Congresso em foco

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