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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Wagner diz que grevistas da BA botaram democracia 'de quatro'

Wagner disse que a intenção era nacionalizar movimento e deixar democracia "de quatro"

Foto: Fernando Borges/Terra

Hermano Freitas
Direto de Salvador

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), declarou na manhã desta segunda-feira, em Salvador, que o movimento grevista da Polícia Militar (PM) do Estado queria nacionalizar as paralisações. De acordo com ele, havia um mapa com o comando do movimento que mostrava como objetivo final do roteiro das greves na capital federal. "O movimento correspondia a uma articulação nacional, usando práticas totalmente inaceitáveis e fazendo a democracia 'ficar de quatro'", disse Wagner.

Ainda de acordo com o governador, a tomada da Assembleia Legislativa estadual por integrantes da associação de policiais deu a impressão de que queriam "tomar o gabinete e governar". Ele ainda afirmou que estes integrantes das associações eram "uma minoria" que usou de chantagem para reivindicar. "Queriam fazer o governo entrar em desespero para assinar tudo o que queriam. Se chancelássemos isso, como seria o ano que vem?", indagou.

De acordo com o secretário de Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa, o governo baiano tomou a iniciativa de chamar a inteligência da polícia do Rio de Janeiro para que monitorasse a greve da PM baiana e assim evitasse o espraiamento de sua influência nos outros Estados. "Sabíamos que o movimento era nacional, se acontecesse também no Rio, a intenção era o movimento no Brasil inteiro", declarou.

As considerações foram colocadas em entrevista coletiva para divulgar o balanço da greve, que durou 12 dias e deixou pelo menos 180 mortes de acordo com as estimativas oficiais. Segundo a Secretaria de Turismo, não houve nenhum cancelamento de pacote turístico no setor de hotelaria, mas os restaurantes, bares e casas de entretenimento tiveram perdas e devem ter o benefício de parcelamento de tributos.

Wagner procurou demonstrar que as reivindicações dos grevistas eram abusivas e foram colocadas em um tempo que impediu a negociação. "Protocolaram a pauta no dia 30 de janeiro, um dia antes da assembleia (que decidiu pela greve)." De acordo com o governador, a categoria teve aumento real de 29,5% enquanto o aumento dos gastos com Segurança Pública cresceram 78% em seu governo. Ele lamentou ter concedido aumento a partir de 1° de janeiro deste ano sem exigir como contrapartida o compromisso de não paralisar a tropa. "Talvez tenhamos vendido barato demais os 6,5%", disse.

A greve

A greve dos policiais militares da Bahia teve início na noite de 31 de janeiro, quando os grevistas acamparam em frente à Assembleia Legislativa em Salvador e posteriormente ocuparam o prédio. Cerca de 10 mil PMs, de um contingente de 32 mil homens, aderiram ao movimento. A paralisação provocou uma onda de violência na capital e região metropolitana, dobrando o número de homicídios em comparação ao mesmo período do ano passado. Além de provocar o cancelamento de shows e eventos, a ausência de policiamento nas ruas também motivou saques e arrombamentos. Centenas de carros foram roubados e dezenas de lojas destruídas.

A paralisação, que terminou 12 dias depois, servia para reivindicar a criação de um plano de carreira para a categoria, além do pagamento da Unidade Real de Valor (URV), adicionais de periculosidade e insalubridade, gratificação de atividade policial incorporada ao soldo, anistia, revisão do valor do auxílio-alimentação e melhores condições de trabalho, entre outros pontos.

O Executivo estadual solicitou o apoio do governo federal para reforçar a segurança. Cerca de 3 mil homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança foram enviados a Salvador. Dois dias após o início da greve, a Justiça baiana concedeu uma liminar decretando sua ilegalidade e determinando que a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) suspendesse o movimento. Doze mandados de prisão contra líderes grevistas foram expedidos, sendo que quatro foram cumpridos.

Em 9 de fevereiro, Marco Prisco, um dos líderes do movimento grevista, foi um dos presos, após a desocupação do prédio da Assembleia. A decisão ocorreu um dia depois da divulgação de gravações telefônicas que mostravam chefes da paralisação planejando ações de vandalismo na capital baiana. Um dos trechos mostrava Prisco ordenando a um homem que ele bloqueasse uma rodovia federal.




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